O espirro na quarentena

E m plena quarentena do coronavírus, quando ainda não era obrigatório o uso de máscaras, fui a um grande supermercado de Palmas e, quando me aproximei das prateleiras dos produtos de limpeza, espirrei. - Atchim! Foi um espirro bem alto. Primeiro ouvi um Vala-me Deus , depois um Jesus tenha dó , dois Sangue de Jesus tem poder , e três Misericórdia em sequência. De um lado a outro, cabeças me olhavam sorrateiramente, o suspeito. Sim; porque com certeza eu era um caso suspeito de coronavírus. Desejei ser invisível, mas não deu. Fui seguido pelos olhares, que pareciam memorizar meticulosamente as áreas por onde não deveriam passar, onde não poderiam tocar. Tudo infestado de coronavírus. Alguém pediu Álcomgel 70 graus. Achei demais. E humilhado pela minha intolerância ao cheiro de produtos de limpeza, fui tentar me esconder atrás da próxima prateleira; que para meu desespero era justamente a prateleira dos detergentes. O cheiro do Pinho invadiu minhas narinas. E eu esp